Relato de experiência vivida
Leitura e escrita- Meus primeiros passos
Me recordo muito bem, era ainda bem pequenina, se bem que aos cinquenta e um anos ainda sou. Morava numa cidadezinha de nome Piranga no norte de Minas Gerais. Foi também numa escola bem pequenina nesta cidade que, aos sete anos de idade, tive o meu primeiro contato com as palavras escritas, com os livros e com as estórias. Fui alfabetizada na leitura e na escrita de uma forma muito significativa, pois, me lembro que a minha professora D. Maria Amélia, nos apresentou um livro que tinha na capa as seguintes ilustrações: Uma linda e graciosa menina de vestido de bolinhas vermelhas; um menino alegre, também muito bem trajado e um lobo cor marrom que se posicionava entre o menino e a menina. Esta história se chamava: Lalau, Lili e o lobo.
Após entregar um livro para cada aluno, a professora iniciava sua aula que seguia a seguinte sequência didática: Explorava todas as ilustrações contidas na capa, fazendo várias perguntas para a classe, tentando fazer com que a gente inferisse qual seria o título da história e o que aconteceria no decorrer desta.
Depois pedia para que nós abríssemos o livro na primeira página (ia nos auxiliando), salientava que observássemos bem a ilustração dessa página e, explorava novamente toda ilustração, nos levando a fazer novamente inferências.
Escrevia na lousa a primeira parte da história que dizia assim:
Lili tem uma boneca.
A boneca é de pano.
Lili, boneca, pano.
Boneca de pano.
Ba, Be, Bi, Bo, Bu. Lia em voz alta com tom muito suave a história escrita na lousa.
Depois, apontava para cada palavra, lendo novamente a história. E na sequência pedia que lêssemos junto com ela. Posteriormente, ela ia de carteira em carteira colhendo a leitura de todos nós, um por um. Ela apontava para a palavra e lia pedindo para que repetíssemos. Esta etapa requeria um tempo maior.
Terminada esta etapa pedia para que escrevêssemos a história no caderno (copiada da lousa).
Exigia que em casa repetíssemos toda a aula para que no outro dia fizéssemos tudo de novo, lembrando que só íamos saber mais sobre os outros episódios da história quando já soubéssemos de cor o primeiro. Ficávamos curiosíssimos e estimuladíssimos para aprender a primeira lição e então avançarmos mais e mais para conhecer e aprender toda a história.
Dessa maneira a leitura e a escrita foram desenvolvidas e interiorizadas em mim de forma muito significativa e prazerosa, pois, antes de ler e escrever a história, ela já estava pronta na minha imaginação. Viajávamos pela história mesmo antes de lê-la, isto porque a professora, antes da leitura propriamente dita, nos provocava explorando todos os elementos que configuravam no livro. Depois de lermos este livro, lemos outros e mais outros cada um mais interessante do que o outro.
Foi assim que, de uma forma mágica, envolvente, sedutora e contextualizada que aprendi a ler e a escrever. Acho que é por isso que até hoje, a literatura de um modo geral, tanto me encanta.
Angela, o seu depoimento é simplesmente lindo, a forma como guarda na lembrança a didática da professora, mais uma vez fica claro a importância de um bom professor na vida do ser humano.
ResponderExcluirBjs.